“Se souberas falar também falaras,também satirizaras, se souberas,e se foras poeta, poetaras.”
Considerado o primeiro poeta brasileiro, Gregório de Mattos Guerra com sua tradição barroca deu início à literatura brasileira. Soteropolitano, foi naturalizado português devido às condições históricas do país, que ainda se encontrava como colônia de Portugal. Apesar de muito criticado e intitulado “Boca do inferno” por sua astúcia, seus versos são ovacionados até os dias atuais. Nobre de família e humilde de alma estudou no colégio dos jesuítas em Salvador, se formou em Direito em Portugal, casou-se por lá, enviuvou-se e voltou ao Brasil cantando à lira em estro poético.
Em suas obras destacavam-se os sentimentos pessimistas (racionais ou irracionais), com seu impulso pessoal e erotismo intenso, Gregório se apegava à descrição de seus atos e pensamentos. Dramático e exagerado, se expressava por meio de demasiadas figuras de linguagem, hipérboles, metáforas e antíteses. Boêmio, satírico, revolto contra a cegueira religiosa e o comportamento das autoridades civis, projetava em suas entrelinhas paradoxais todo sentimento antipático e repugnante. Colecionador de inimizades devido à sua descomedida sinceridade, o poeta viajou à África, mas voltou ao seu país de origem. Mestre dos gêneros poéticos faleceu na cidade de recife após uma vida lírica e conturbada.
Em 2002 seus fãs e discípulos poéticos foram presenteados com o Filme Gregório de Mattos, lançado pelo estúdio Crystal Cinematográfica com a direção e roteiro de Ana Carolina. Através de leis de incentivo à cultura, o filme foi dedicado ao povo e ao estado da Bahia. Seu elenco foi contemplado com grandes atores nacionais tais como Waly Salomão - interpretando Gregório de Mattos-, Marília Gabriela, Ruth Escobar, Eliza Lucinda, entre outros. A obra retrata a vida do escritor do século XVII, tendo em seu texto grande parte de suas produções literárias, demonstra com fidelidade as intenções do poeta. Obra Instigante, inteligente e astuta como o Gregório Guerra.
Gostei do seu blog, e deixo um soneto de Gregório de Mattos:
ResponderExcluir"A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia."
Beijos