28 de abril de 2009

Pleno Sereno

Saio em Pleno Sereno
Não disfarço
Enquanto portas se fecham
Portas de vidro, grades de aço.

Vejo pingos sob a chuva.
Sou solo de minha geada,
Terra molhada, adubada.

Oh chuva: banha-me plena,
Lava-me, leva-me tarde,
Sou breve, sou parte
Sou do elenco...
Magnífica ‘tempestade’

Grito como raios,
Vivo como raros.
Sou louca?
Tão rouca, de fato!

Oh lágrimas dos céus: Lavai a angústia
Desses mansos que se escondem
Dos que têm medo de si, do bicho, do homem
Que em casa encarcerados...
Vivem a tempestade de tudo que os consomem.

20 de abril de 2009

Perdida

Ando sem descanso,
sem rumo, sem avanço.
Perdida

Vivo...
É estranho!
Adventícia.

Parto-me,
intero-me.
Não me siga.
Infinda.

Estou sozinha;
Contigo...
E perdida.

14 de abril de 2009

És amar

Subo degraus aos céus.
A angústia que arrasto
é meu véu.

Viver-te é prazer intenso.
Norteio o vento,
lambuzo açúcar no mar,
pinto o céu de vermelho...
Ensino o mundo a amar.

Desço escada nua,
se um dia hei de ser tua...
De meu sangue beberias o vinho,
seria teu mel.

O véu que já nem lembro
acobertaria-nos do vento.
Beberíamos o mar.
Meu mel ensinar-te-ia
tão somente
a me amar.

És o nexo que faltava,
a estrutura do par.
A tônica da rima,
o inicio do verso,
o contexto...
Ponto
És amar.

3 de abril de 2009

Amar-te-ei

Amor recíproco e imponderável
Ovacionado pelas impossibilidades
E encarcerado no recanto mais puro das angústias.
Fundamental é fazer-te possuir tudo que se faz ausente em mim.
Amamo-nos no desejo do beijo nunca apreciado,
Na troca de olhares nem sequer disfarçados,
Na angústia, no medo de libertar o que parece controlável.

Amar-te-ei ainda que desnecessário...