13 de outubro de 2009
'EMdecisão'
O sol nascente, candente
Como brasa, ardente
Entre cântaros, seu encanto
Me ponho a chorar
Lágrimas não deixam ocultar
A fragilidade de quem por tão sensível
Com o amanhecer se põe a chorar
Levanto-me ou me ponho a deitar?
O fardo será pesado ou devo desafiar?
Aflição,
Inquietação,
Ansiedade,
EMdecisão...
Escureceu
É melhor descansar
O amanhã será árduo
Decisões terei que tomar.
18 de julho de 2009
Gregório de Mattos, poeta cinematográfico .
“Se souberas falar também falaras,também satirizaras, se souberas,e se foras poeta, poetaras.”
25 de junho de 2009
Aquele colo...
Nos quatro cantos da casa.
Sou alma ferida,
A própria úlcera, chaga.
Procuro-te
Entre as rosas mais belas,
Nos álamos,
Na fluência das águas,
Bosques, florestas.
Procuro-te
Ansiando sentir-te.
Não te enxergo...
Não enxergo
As sandálias para desavessar,
Os tornos para desenrolar,
As flores para aguar...
Não enxergo
As brincadeiras infantis
Para maturar.
Não enxergo amor.
Não enxergo, amor,
Tampouco sinto
O teu cheiro para acalmar...
Procuro-te
Nos ermos de minha lembrança,
Na minha saudade,
Tão somente, te encontro...
Foste quando mais precisara de colo
Espero outro dia tocar-te, flor minha.
Te sinto por perto,
Mas que tua força não basta,
Preciso de teu abraço sereno,
Sentir-te... Preciso-te.
Retorna, flor.
Retorna flor
E renasce em meu jardim.
Faz-me sentir-te para me sentir...
Espero-te!
20 de junho de 2009
Blavino: Lírica Mente
Oh, mente lírica
Vem e me consome.
Tira-me dessa vida vã
Tola, vil, boba e ignorante.
E se não me esgotas, lo siento.
Lêndeas e parasitas saciam a fome.
Melancólicos filhotes vorazes
Secam fácil toda essa fonte.
Infelizes, pobres parvos.
Insignificantes
Malditos e
Propícios?
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A poética do Blavino:
http://www.revistasamizdat.com/2009/06/poetica-do-soneto-blavino.html
16 de junho de 2009
Declamação do quase amor
A sonhar com aquele rio
Atravessávamos oceanos
Em mente, somente...
Sonhávamos com o turquesa.
O tom de nossa pureza,
Fazia-nos esplêndidos sobre
O Danúbio Azul.
Éramos sós,
Adventícios, amantes
E desconhecidos.
Declamando os males
Que a paixão trouxera,
Invocando o amor
Ou algo mais puro,
Ingênuo e intenso
Quiçá Fiel
Mas verdadeiro.
Declamo o quase amor
Para assim criarmos asas
Juntos, dois cisnes
Brancos como o véu.
A grinalda: o juízo.
Equilibrando-nos
Ao nadarmos,
E Amarmos-nos
No Danúbio azul.
28 de abril de 2009
Pleno Sereno
Não disfarço
Enquanto portas se fecham
Portas de vidro, grades de aço.
Vejo pingos sob a chuva.
Sou solo de minha geada,
Terra molhada, adubada.
Oh chuva: banha-me plena,
Lava-me, leva-me tarde,
Sou breve, sou parte
Sou do elenco...
Magnífica ‘tempestade’
Grito como raios,
Vivo como raros.
Sou louca?
Tão rouca, de fato!
Oh lágrimas dos céus: Lavai a angústia
Desses mansos que se escondem
Dos que têm medo de si, do bicho, do homem
Que em casa encarcerados...
Vivem a tempestade de tudo que os consomem.
20 de abril de 2009
Perdida
sem rumo, sem avanço.
Perdida
Vivo...
É estranho!
Adventícia.
Parto-me,
intero-me.
Não me siga.
Infinda.
Estou sozinha;
Contigo...
E perdida.
14 de abril de 2009
És amar
A angústia que arrasto
é meu véu.
Viver-te é prazer intenso.
Norteio o vento,
lambuzo açúcar no mar,
pinto o céu de vermelho...
Ensino o mundo a amar.
Desço escada nua,
se um dia hei de ser tua...
De meu sangue beberias o vinho,
seria teu mel.
O véu que já nem lembro
acobertaria-nos do vento.
Beberíamos o mar.
Meu mel ensinar-te-ia
tão somente
a me amar.
És o nexo que faltava,
a estrutura do par.
A tônica da rima,
o inicio do verso,
o contexto...
Ponto
És amar.
3 de abril de 2009
Amar-te-ei
Ovacionado pelas impossibilidades
E encarcerado no recanto mais puro das angústias.
Fundamental é fazer-te possuir tudo que se faz ausente em mim.
Amamo-nos no desejo do beijo nunca apreciado,
Na troca de olhares nem sequer disfarçados,
Na angústia, no medo de libertar o que parece controlável.
Amar-te-ei ainda que desnecessário...
24 de março de 2009
Sinestesia
Sensorial
Sensitiva
Afetiva
Paradoxal
Ódio, calor.
Frio, amor.
Vento vai:
Penso, sou.
Vento volta:
Apagou.
Sou
Sendo sem ser.
Sinto querendo ver
Vejo querendo ser
Sinto, vejo e sou
O não querer.
Vivo
Finjo
Finjo que vivo
Vivo fugindo.
Sou
Sendo sem ser.
Quero com poder
Posso sem querer.
Quero sempre
O não poder.
Sinto logo vivo
Quero logo sou
Posso?
Desisto!
Não sei pra onde vou.
22 de março de 2009
inTensa
17 de março de 2009
Seja um Super-herói!
“Doe medula, salve vidas. Seja um super doador.”
Portadores de doenças que comprometem a produção do sangue pela medula, como aplasia medular, leucemias e crianças com algumas doenças genéticas podem precisar de uma nova medula para garantir sua tranqüilidade. A medula é responsável pela produção de elementos sanguíneos - como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas-. Ela fica na parte interna dos ossos, tem um tecido esponjoso e lembra o tutano dos ossos do boi.
Quando não há um doador aparentado, a solução para o transplante de medula é procurar um doador compatível entre os grupos étnicos semelhantes. Para reunir as informações (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas) de pessoas que se dispõem a doar medula, foi criado o Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (REDOME), instalado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Quanto maior o número de doadores, maiores serão as chances dos pacientes encontrarem um doador compatível. Hoje, a chance de compatibilidade no território brasileiro é de 1 para 100.000.
Para se cadastrar como doador é preciso ter entre 18 e 55 anos, estar saudável, não ter tido câncer, portar RG e CPF. Após o preenchimento do cadastro, será coletada uma pequena quantidade de sangue (10ml) para a realização do Teste de Compatibilidade Genética (HLA), essas características serão enviadas, como supracitado, ao REDOME. Após ser confirmada a compatibilidade, o doador será chamado para fazer novos exames de sangue, esses mais detalhados, serão avaliados por um médico.
A doação depende do tipo e do grau do paciente. A medula pode ser removida por punção direta ou pela veia. No primeiro caso, uma agulha (especial) na região da nádega retira uma quantidade de medula equivalente a uma bolsa de sangue. Para que o doador não sinta dor, é administrada anestesia e o procedimento dura em média 60 minutos, não causa dano à saúde, pois a medula óssea se regenera rapidamente. Após o processo, o doador tem a sensação de ter recebido uma injeção oleosa. É importante destacar que não é uma cirurgia, ou seja, não há corte, nem pontos. O doador fica em observação por um dia e já pode retornar para casa no dia seguinte.
Com a punção da veia, a coleta é realizada pela máquina de aférese e dura cerca de 4 horas. Antes da coleta, o doador recebe por cinco dias um medicamento para estimular a proliferação das células-tronco, esse que pode provocar sintomas semelhantes aos de uma gripe.
O médico informará qual a melhor forma de coleta de células. Dependendo da doença e da fase em que se encontra o paciente. Depois de um tratamento que destrói a própria medula, ele recebe a nova por meio de transfusão, em duas semanas a medula transplantada já estará produzindo células novas.
Um ato simples, fácil, e regenerador de vidas. O Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea vos espera.
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Artigo publicado no Guia de Concursos Literários.
(www.guiadeconcursosliterarios.com.br/)
15 de março de 2009
sentimento estranho
Vivo cada canto do meu pranto
Do meu sentimento estranho
Ainda irreconhecível
Vivo com esperança
Sonho um tanto longínquo.
Vivo você e eu
Ainda no invisível
Sou eu e você
Ainda sem querer
Na encosta da ilusão
No profundo do meu ser
Procuro sal, açúcar
Que dá gosto pra viver,
Você, tão eu... Meu.
Bem querer.
Senti mente estranha
Ao amar-te sem dever
Sentimento estranho
É querer-te ‘sem querer’.
13 de março de 2009
Poema vivo
Para
lembrar-te
Ouço canções latinas
Toco Jackson do Pandeiro
Canto o amor à surdina.
Andaria na contramão
Seria sua percussão
Fumaria um câncer,
Beberia o amor,
Seguiria meu coração
Criaria o enevoado
Para
aquecer-te sem precisão.
Para
lembrar-te
Expresso o inconsciente
Viro pluma e penso leve
Esqueço vida breve
Para
amar-te eternamente
Vivo o subjacente
Escrevo poema vivo
Discurso fácil
Vivo-te somente.
Desse amor recente
Vivo intermitente
Um período a cada instante
Calma,
Tranquila
Serenamente
amor meu, mãe minha.
Deparo-me com o amor
Desses inexistentes,
Inimagináveis.
Moleca
A encarnação da inocência.
Às vezes mãe,
às vezes filha.
Na maioria, amiga.
Porto-seguro
Sublime razão de viver
Paz, amor,
Reciprocidade
Nada mais.
Ao pensar em mim,
Tão somente penso em ti,
Das nossas tristezas,
Angústias intrínsecas,
Bobagens
Só más interpretações.
Boneca minha,
Vida,
Minha mãe,
Filha.
Amo-te?
Somos o amor.
11 de março de 2009
Descasular
9 de março de 2009
de(s)amor
8 de março de 2009
Retrocesso
Vivia da agricultura, da pesca e da caça.
Inserido em uma bela sociedade familiar;
Tinha força, garra, fé e sabia amar.
Apreciava milho, amendoim, feijão, mandioca.
Tudo que a terra fornecesse à oca.
Não conhecia a cabra, a ovelha, a galinha, a vaca.
Surpreendeu-se com bichos alvos de olhos resplandecentes,
Que diziam ser de pura alma e com fé atraente.
Esses mesmos que deram nomes a inocentes.
Trocou humildade por espelhos,
Identidade por colares.
Caminha já dizia;
“Certamente esta gente é boa e de bela simplicidade.”;
Ticuna, Guarani, Pataxó, Caiangague.
Inocente, deu a vida por uma fé falsa.
Por conseqüência há avanço em várias áreas
Hoje temos medicina e informática;
Ondas de doenças e pragas.
Poluição psíquica, pouca vida.
Desordenado progresso, muita máquina.
Nomeação de direitos, deveres, amor, coração e alma.
Antes nem nome tinha, e tudo funcionara.
Poderia andar despido
De alma limpa e à natureza apreciar.
Mas perderia a vida ou teria pena a pagar
Constrangeria meus irmãos, mediante ‘violência,
Atentado ao pudor, streaking.
O que é benevolência?
E a minha utopia a estrear;
Sonha o dia que o homem inventará
A máquina que na história voltará
Para dar vida a esse lugar.
7 de março de 2009
Aurora
O acordar do sol,
A preguiça da estrela mãe,
O cheiro da esperança,
Renovação,
O coral dos pássaros...
Pouco conseguiu afrouxar meu diafragma.
Meu medo intrínseco me agonizava
No momento oportuno de maturação
Começava ali um belo dia de verão.
Meu sentimento invernoso
Angustiava-me ao inutilizar
A benção que o Pai deu à mãe esperança
Como um inversor involuntário...
Perdi a aurora.
Mísero dia,
Fecham-se as grades, os cílios.
Não espero!
Sonífero que dure 24 horas.
Que faça invalidar essa triste aurora.
Vi o céu laranja, vi o mavioso nascer,
Vi o brilho que saqueado pela dor
Triste fez-se desfalecer
Espero ó minha Aurora,
Retribuir tão grandiosa confiança
Essa que minha honra, fez-me adormecer.
Durmo esperando acordar
Pelo seu brilho, que meus os olhos encandeia, ao nascer.
5 de março de 2009
Ossos da Ditadura - Por Tatty Nascimento
O paciente anorético costuma usar meios pouco usuais para emagrecer. Além da dieta é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar e fazer uso de laxantes e diuréticos. O bulímico, por sua vez, possui uma compulsão que o leva a alimentar-se em excesso e, em seguida, regido pelo sentimento de culpa, tenta "compensar" o ganho de peso exercitando-se de forma desmedida e expulsando de seu organismo tudo que comera, além de também utilizar purgantes excessivamente.
Influenciados pela mídia, que padroniza a magreza absoluta como símbolo de beleza e elegância, parentes, vizinhos e amigos desenvolvem transtornos alimentares procurando se enquadrar nos valores estéticos da sociedade. Essa busca constante pela beleza irreal leva à falência de corpos fracos e mentes perturbadas que procuram a morte para calar sua dor.
Em vida, pseudo-amigos reúnem-se em comunidades de internet para compartilhar dicas, dietas e remédios em busca do sorriso no meio do caos. Supervalorizam corpos cadavéricos e os utilizam como inspirações. Projetam sua vida para a conquista de um baixíssimo Índice de Massa Corpórea (IMC), e acabam por baixar a auto-estima, vivendo no cárcere do padrão de beleza, sonhando um dia seu bem-estar e morrendo de inanição.
O tratamento da Anna (anorexia) e Mia (bulimia) torna-se cada vez mais difícil. As causas andam paralelamente, não há medicamentos específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou o desejo de perder peso nem antídoto eficaz para a falta de amor próprio.
Espera-se que o mesmo sistema e famílias influenciadas pela dor reúnam-se em busca de sonhos reais, construídos com paciência. Que essa doença não passe de uma ligeira epidemia. E que a ditadura da beleza ganhe novos governantes dotados de compaixão e reais conceitos humanos.
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Artigo publicado no Guia de Concursos Literários.
(www.guiadeconcursosliterarios.com.br/)
4 de março de 2009
ser e não ser
é ser normal
é ser e/ou não ser
ser poeta é viver
é sentir, é amar,
se quisera
escrever.
ser poeta é ser você
e quem sabe o leitor
é não se esconder em frases bonitas
métricas
ser poeta é ter vírgula
ou não ter
é deixar livre
pra entenderem o que quiserem ler
é escrever feio e sentir lindo.
é escrever frases incertas,
quiçá corrigíveis.
é ser ridículo e ser belo
é ser triste, muito triste
é ser feliz
felicíssimo.
é falar o que tu queres ou não ouvir
é retratar com fidelidade o que estar a sentir
é não ter número, acento, tempo, gênero, nem escolaridade social.
ser poeta é ser e não ser.
ser poeta é ser seu mestre
é saber, ou não, falar
é falar sem saber
é sentir certo e escrever erado
é ser minúsculo
é sentir, retratar, viver.
é ser maiúsculo.
é não ser e ser.
ser poeta é.